Total de visualizações de página

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Sinal vermelho para a falta de polidez

Eu estava voltando para casa, após as costumeiras cinco horas de aulas matinais. Parei ante o demorado semáforo da Rio Branco. O sinal estava aberto. Um senhor, de calças largas, bonezinho antiquíssimo, cabelos totalmente esbranquiçados e no mínimo setenta primaveras, ignorou a sinalização. E foi, no ritmo de seus passos senis, atravessando a via. A rua, para quem não a conhece, é um tanto larga e a faixa de segurança de uma travessia como essas no centro de Santa Maria está longe de ser segura.

Assim, os fatos apontam para uma tragédia, e tinha tudo para ser. Não o foi no sentido primário da palavra, em que se prevê um desastroso acidente, culminando em ferimentos e consequências físicas ao indivíduo. Mas foi, sim, uma tragédia moral, em que eu vi o motoqueiro que vinha veloz, desviar perigosamente do idoso e cuspir-lhe uma série de difamações verbais que prefiro não transcrever, deixando-as putrefarem esquecidas no asfalto maldizente.

O velho saiu cabisbaixo, os ouvidos, embora fatigados pelo longa vida, não o pouparam de compreender as expressões do motoqueiro. Sua vida talvez tenha perdido ainda mais as cores que já esmaecem pelo tempo, e que vão se acinzentando ainda mais por tais atos odiosos.

Meu relato não é a defesa da imprudência do velho, porém acredito que esta foi nada mais do que isto: uma imprudência. Faço, sim, uma ressalva pela boa educação, e quando esta não é possível, a abdicação dos atos repudiosos, que não tem outro fim senão transferir seu índice saturado de estresse aos demais indivíduos que os sofrem.
Afinal, não é tão difícil manter-se em silêncio quando não for razoável se manifestar de forma polida e construtiva. Uma vez que não consta em nenhuma cláusula da vida o direito de destruir ou rebaixar o moral de nossos semelhantes com explosões de nossa própria cólera.

Algo que de mim mereceu um olhar mais atencioso , talvez possa servir para algum pensamento profícuo em meio às copiosas ações involuntárias dessa nossa rotina.

Um comentário:

  1. Tia Rosilene
    Entendo a tua indignação , que com certeza, deve ser a de tantos que primam por educação em qualquer circunstância.
    Mesmo vivendo num mudo difícil, onde temos compromissos a cumprir, impostos a pagar, emprego e horário a zelar, situações adversas a enfrentar, nada justifica a nossa falta de prudência e desrespeito ao ser humano.
    Conclamamos aos jovens que sejam mais dóceis e tolerantes com os mais velhos, pois eles carregam ao longo dos anos experiências ricas e sábias que podem ser compartilhadas às novas gerações.

    ResponderExcluir