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terça-feira, 5 de abril de 2011

Prosaico para você, virtuoso para mim

Não é necessário citar as circunstâncias e estado que me impelem a escrever esse post, mas sim o estado de êxtase momentâneo que me embriaga, e que me absorve em meio a memórias perdidas de caminhadas reflexivas.

O que me impressiona, mais do que minha própria complexidade mutante, é a capacidade sinistra de mascarar e dissimular de algumas pessoas, em oposição à admirável e simples aptidão de outras à humildade, gratidão e veracidade de gestos.
Não se trata de uma postagem vazia, mas também de nenhuma crônica estrondosa. O que me motiva a escrever a essa hora e nesta ocasião, é que um fato de hoje, vespertino e tolo, ainda segue dando voltas em minha consciência. A minha vizinha mendiga volta a ser tema recorrente em minhas postagens.

Peço desculpas aos que julgarão a personagem sem graça e repetitiva, mas a culpa foge de meus braços quando os atos desta mendiga tomam vida e dançam em minha cabeça como exemplos da pureza extinta deste mundo civilizado, o qual atesta a selvageria nunca antes vista.

O fato não é surpreendente, sobrenatural ou inverossímil aos olhos racionais, mas com um olhar mais vigilante, pode ser tido como metonímia viva de virtudes suprimidas na vida dos maratonistas da rotina diária.

Cessando com o ciclo cansativo que tracei, revelarei a surpresa nada inacreditável que vivi hoje, mas ainda assim admirável em essência. Voltava do colégio, com alguns colegas, e imerso em algum assunto relacionado à junção de hoje à noite, ouvi um “oi” entusiasmado, de um dos bancos do calçadão. Era a mendiga Maria – como descobri que a chamavam - dando-me um vigoroso cumprimento acompanhado de um sorriso imaculado, ainda que meus passos denotassem uma pressa antipática. Não trato de uma admiração causada por uma crônica premiada pela descrição de um ato virtuoso dela. Ela não deve nem ter ideia de que é a personagem principal do Concurso Literário de dois mil e dez. Entretanto, ela lembrou-se dos cumprimentos e desejos de “bom dia” freqüentes que eu direcionava a ela, quando a via acordada, no colchão afofado ao lado da farmácia. E mesmo realizando atos banais, diariamente, recebi o reconhecimento, nada banal , de alguém cuja vida não concebe trivialidades, porque cada dia é uma batalha distinta.

Confesso que estou dando a concepção de “atitudes notáveis e relevantes” a atos antes caracterizados por “prosaicos”. Não se trata de uma inversão de valores de minha parte, mas do esquecimento momentâneo de o quanto alguns versos ingênuos podem variar o humor das pessoas, e principalmente o meu.

4 comentários:

  1. Tu tem futuro, ve se não muda o rumo!

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  2. guri tu é mutante...
    Parabéns pelas palavras!
    axava q vc naum existia,mas depois de vir pra santa sentada do teu lado no onibus,vi q vc é real ;)
    me senti intima por ler o blog
    mas ao mesmo tempo naum.
    to só pela proxima postagem

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  3. Tuas palavras são inteligentes,sábias expressam o teu pensamento encantando cada leitor...
    ;)

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  4. nego! nunca perca esse apreço pelas coisas simples da vida! são elas que, no final das contas, fazem a diferença... SEMPRE!

    um beeeijo da tua dinda orgulhosa (que lê e comenta atrasado teus posts!) hehehe

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